“A sinister quasi-embassy”
Rowan Moore, The Guardian
—
“We also have an “Embassy” in there, which is designed so that different associations around Portugal can come in and occupy the space. They can invite people into their embassy, they can hold meetings in there, they can hold public debates in there, and they can hold public events in there. So, The Real and Other Fictions is a very special exhibition that can only happen in this space.”
Beatrice Galilee, chief-curator of Close, Closer, 3rd Lisbon Architecture Triennale
—
“(…) O projecto Sala da Nação – Embaixada de Terra Nenhuma, do arquiteto Paulo Moreira e do artista Kiluanji Kia Henda, repete um uso que o palácio teve no passado: embaixada. Este projecto utiliza os elementos que tipicamente constituem a sala de receção de uma embaixada – trono, cadeira, retrato, bandeiras, urna, código de conduta, vigilância etc. – e subverte-os. Semanalmente, associações e grupos que desenvolvem trabalho na área do ativismo político, cidadania e inclusão social, são embaixadores em sequência, dando voz a cidadãos e realidades frequentemente sub-representados em discursos ou manifestações “oficiais” como é o caso das embaixadas. E assim, cada um dos embaixadores usa a embaixada para organizar receções ou como local de trabalho. Um dos embaixadores foi o Projecto Fronteiras Urabanas, que trouxe residentes da Costa da Caparica num programa coordenado por Mônica Mesquita e José Pedro Martins Barata. Durante a semana em que ocuparam a embaixada organizaram vários eventos abertos ao público, por exemplo o Sr. Raul Marques, morador nas Terras da Costa, representante da comunidade cigana, leu uma carta em que reivindica o regresso do Mercado do Levante, na freguesia da Costa da Caparica. Esta leitura ganhou uma amplitude especial por acontecer dentro de uma Trienal de Arquitectura. A Associação Cultural Moinho da Juventude trouxe o grupo do Kola San Jon e as batucadeiras do Finka Pé até à sua embaixada para festejar o reconhecimento do Kola San Jon da Cova da Moura no Inventário do Património Cultural Imaterial de Portugal. Durante esta festa na embaixada, serviram grogue, ponche, cachupa e cachupinha, pastéis de milho, papa de frigenote, pastéis de massa tenra, cuscus, açucarinha e pudim de queijo. Durante três meses, este espaço é mesmo uma embaixada. Fictícia ou real, consoante queiramos pensar nela, a verdade é que ela permitiu abrir espaço para discutir questões que dizem respeito à arquitetura, por vezes tão básicas como a necessidade de saneamento em bairros às portas de Lisboa. No final da semana inaugural houve uma jornalista que me disse que achava a exposição interessante porque era poética e era política. Isto foi-me dito com alguma surpresa, como se a combinação entre as duas fosse algo inesperada. Não era. As mulheres batucadeiras do Finka Pé fizeram o Palácio Pombal – literalmente – tremer.”
excerto de entrevista a Mariana Pestana, curadora da exposição A Realidade e Outras Ficções, Close, Closer. in revista ARQA #110.
“Lo arriba mencionado relativo a la “artistificacíon” de la arquitectura se manifiesta aquí con claridad: impresiona encontrarse en una de las salas, la Sala da Nação, el montaje “Embaixada de Terra Nenhuma” a un actor [Candidato Vieira] en el papel que entremezcla la figura de un embajador, un dictator y un político corrupto con todos sus estereotipos, pronunciando un discurso inconexo que se va multiplicando, que se exagera. Esta performance no aporta nada directo en un evento sobre arquitectura. No tiene nada de sátira: es una obvia literalidad, máxime cuando este político deposita en una trituradora de documentos. Siendo esto un encuentro destinado a la reflexión sobre arquitectura, por qué complacerse y creerse subversivos con una inofensiva parodia de una figura de poder político en el momento en que seguramente una sencilla parodia de cualquier arquitecto prototípico del star-system o de un promotor corrupto habría resultado más apropiada y necesaria? Es que falta arrojo para parodiar sin miedo a Koolhaas, Hadid, Foster…? O es que no hay ninguna voluntad sincera de reconocer que hay que romper con lo establecido? Este acting se valida en el acto de hacer una crítica a la politica y el poder que, aunque necesaria, en este contexto no hace sino convertirse en un facilismo que permite desviar la necesidad de autocrítica entre los arquitectos.”
ABC blogs, publicado por Fredy Massad, 24/9/2013
—
Batuko na Trienal de Arquitectura de Lisboa
“No dia 28 de setembro de 2013, um grupo de talentosas senhoras cabo-verdianas foram à Trienal de Arquitetura de Lisboa. Foram ao Palácio de Pombal, na Rua do Século, no Bairro Alto, em Lisboa, apresentar uma pequena peça de Batuko, onde foram recebidas por pessoas de várias nacionalidades. Batuko é uma música tradicional de Cabo Verde em que as pessoas cantam e dançam, tocando um pequeno instrumento duro e barulhento feito pelas mesmas. Presentemente o Batuko só se encontra na ilha de Santiago em Cabo Verde e é no Tarrafal onde se vive com mais intensidade este género musical, mas há indícios de que já existiu em todas as ilhas de Cabo Verde. Batuko é sentimento e alegria, é paz e amor, é tudo o que sentimos dentro de nós. Quem não sabe o que é o Batuko, basta parar e escutar e percebe tudo.”
“Fronteiras Urbanas #2” , outubro 2013, publicado por Elisiane Tavares, 10 anos
—
Democracy is the best form of Democracy
“Within the room, a few permanent props encourage participants to consider the shortcomings of established forms of popular rule. A voting booth asks visitors to tick a box for or against democracy (and runs all the answers through a shredder); a black and white collage documents an impossible rally, which references fascist protagonists and post-colonial state at the same time. Beyond these props, the embassy is an assembly hall designed to give activists of varying political persuasions a new audience. Optimistically this is a public audience, but it’s also a time for activists to look at themselves.
The Nation Room conceives of the relationship between public space and positions of power as a hall of mirrors. Covered in reflective surfaces, the voting booth, high chair, and negotiating table invite monitoring, surveillance, and certain spectacles. For example, participants can only see themselves in an executive-style portrait if they stand up on the table or chair (positions which, given the context, signal great charisma, vanity, or desperation).
(…) Regardless of the participants’ behavior, the embassy passively interrogates the roles material, corporeal, psychic, and aesthetic concerns play in the political process. Some questions should be asked directly though. For example, if The Nation Room is a political act, who or what does it threaten? We’re glad that the embassy has a wing online, so that questions about representation and authority can be engaged after the performances.
Megan Eardley, Africa is a Country
—
A Academia Cidadã fez um apanhado do que saiu na imprensa sobre a semana “Ocupa o espaço – torna-o público!” (12 a 16 de novembro de 2013), incluindo:
Academia Cidadã apresenta semana de actividades, no programa de rádio Vidas Alternativas | António Serzedelo (14:17, 7 de Novembro de 2013)
Academia Cidadã quer “dar poder às pessoas” e faz debate com organizadores de manifestações, no Jornal da Madeira (14:17, 7 de Novembro de 2013)
Debate Academia Cidadã quer “dar poder às pessoas”, pela AGÊNCIA LUSA (14:15 – 07 de Novembro de 2013) – via Notícias ao Minuto
De 12 a 16 de Novembro, a Academia Cidadã desafia-nos a preparar alternativas para o futuro, na VISÃO (12:04 – 7 de Novembro de 2013) – jornalista: Teresa Campos
—
“Por entre eventos formativo-criativos e estratégicas de networking, projetos como O Efeito Instituto, ou o Parlamento de Direitos Urbanos, a Sonda Espacial e a Embaixada de Terra Nenhuma, todos na exposição A Realidade e Outras Ficções/Palácio Marquês de Pombal, ou as Ground Sessions do programa Novos Públicos, têm potenciado o encontro de pessoas/coletivos/arquitetos com cruzamentos que usualmente não ocorreriam. E é este efeito, entre as conexões planeadas e as conjunções autoconstituídas, que nos parece uma das maiores forças do programa: a Trienal catalisou o encontro de jovens agentes dispersos certamente contribuiu para dar corpo a interesses e preocupações de um vasto grupo que nela se revê.”
Inês Moreira, in Revista ARQA #110.