Sobre

Sala da Nação – Embaixada de Terra Nenhuma é um projecto de Paulo Moreira (PT) e Kiluanji Kia Henda (AO) integrado na exposição A Realidade e Outras Ficções, com curadoria de Mariana Pestana, para a terceira edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa, Close, Closer.

Sala da Nação – Embaixada de Terra Nenhuma
No atual cenário de descrédito relativamente aos modelos políticos existentes, esta é a embaixada de uma nação imaginária que não representa qualquer tempo ou espaço em particular. Entre Setembro e Dezembro de 2013, associações e grupos que desenvolvem trabalho nas áreas do ativismo político, cidadania e inclusão social, foram embaixadores em sequência, realizando receções, perfomances, mesas redondas e outros eventos abertos ao público. Ver Código de Conduta [em inglês].

A Realidade e Outras Ficções
A Realidade e Outras Ficções teve lugar no Palácio Pombal, um edifício que foi tendo diversos usos e programas ao longo da sua história. De residência a embaixada, deu lugar a inúmeros acontecimentos e eventos. A exposição trouxe de volta os usos que o edifício teve no passado através de intervenções que promoveram encontros entre o palácio e o visitante. A partir de factos históricos, as intervenções construiram ficções ideológicas materializadas em espaços e programas reais, passíveis de serem usados. Aglomerados em sincronia pela primeira vez, os usos do passado, foram re-encenados, re-imaginados, justapostos.

A preocupação latente nesta exposição prendeu-se com a ambiguidade e com os paradoxos inerentes ao exercício da hospitalidade, com os postulados que definem e condicionam os usos da arquitetura. Os conteúdos e situações gerados pelos trabalhos ali presentes destabilizaram as regras e os compromissos subjacentes à ocupação e uso do espaço para levantar questões acerca dos lugares do dia-a-dia, da forma como nos relacionamos com eles e como eles nos fazem relacionar com o outro. Na intimidade que estabelecem entre lugar e ocupante cada um dos trabalhos exerceu formas de hospitalidade.

Na segunda metade do século XX, a embaixada de Espanha funcionou no Palácio Pombal. Todos os arquivos foram queimados durante uma manifestação em 1975 contra a ordem de execução de ativistas políticos proclamada durante o regime ditatorial em Espanha. Não se encontrou registo dos documentos que ali foram produzidos, lidos, aprovados ou reprovados.

BIOS

Paulo Moreira (PT) e Kiluanji Kia Henda (AO). Foto de Luke Hayes.
Paulo Moreira (PT) e Kiluanji Kia Henda (AO). Foto de Luke Hayes.

Paulo Moreira (1980, Portugal), arquitecto pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (2005) e Doutorando na Sir John Cass Faculty of Art, Architecture and Design, London Metropolitan University (Reino Unido). Co-coordenador do projecto de investigação Observatório da Chicala no Departamento de Arquitectura, Universidade Agostinho Neto (Angola). Foi conferencista em diversos países de Africa, da América e da Europa. O seu trabalho foi apresentado na Trienal de Arquitectura de Lisboa (2007 e 2013), Trienal de Luanda (2010),  The Gopher Hole (Londres, 2012); Afrofuture (Milan Design Week – Italia, 2013), Experimenta Design (Lisboa, 2013) e Representação Portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza (2014). Foi vencedor de diversas bolsas e prémios, entre os quais o Noel Hill Travel Award (American Institute of Architects – UK Chapter, 2009); Prize for Social Entrepreneurship (The Cass – UK, 2009); e o Prémio Tavora (OASRN – Portugal, 2012).

Kiluanji Kia Henda (1979, Angola), autodidata, pertence à nova geração de artistas angolanos com uma significativa carreira internacional. Em 2012 foi o vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, outorgado pelo Ministério da Cultura em Angola. Para além das artes visuais, também trabalhou em áreas como o teatro e a música. Participou em vários programas de residência artística em Angola, África do Sul, China, Itália, França e Brasil. O trabalho de Kia Henda foi incluído em numerosas exposições colectivas, das quais se destacam: 1ª Trienal de Luanda, Angola (2007); Check List – Luanda Pop, Pavilhão Africano, 52ª Venice Biennial, Veneza, Itália (2007); Farewell to post-colonialism, 3ª Trienal de Guangzhou, Guandong Museum of Art, Guangzhou, China (2008); Há sempre um copo de água para um homem navegar, 29ª Bienal de São Paulo, Brasil (2010); Les Praires, Rennes Biennale of Contemporary Art, Rennes, França (2012); Wild is The Wind, Savannah College for Art and Design (SCAD), Savannah, EUA (2009); Enconteurs PICHA, 2ª Bienal de Lumumbashi, Lumumbashi, Congo (RD); Propaganda by Monuments, Center of Image of Cairo (CIC), Cairo, Egipto (2011) Tomorrow Was Already Here, Museu Tamayo, Cidade do México (2012), SuperPower: Africa in Science Fiction, Arnolfini Art Center, Bristol, Inglaterra (2012); ‘Experimental Station’, Centro de Arte y Creación Industrial LABoral, Gijón, Espanha (2012); No Fly Zone, Museu Coleção Berardo, Lisboa, Portugal (2013). E em exposições individuais como: Homem Novo, Kunstraum Innsbruck, Innsbruck, Áustria (2013); Self- Portrait as a White Man, Fondazione  Bevilacqua La Masa (2010), Between the Two Red Telephones, Galleria Fonti, Napóles (2007).

Desenhos dos elementos da Sala da Nação – Embaixada de Terra Nenhuma, por Paulo Moreira e Kiluanji Kia Henda: